sexta-feira, 28 de maio de 2010

10 anos de...

Depois de um tempo sem postar por aqui, ontem algo me tocou. Não, não foi um dedo. Foi um programa muito foda que há 10 anos escancara com a TV aberta e toda a acefalia da qual se compõe e nos alimenta, nos adestra.
Um programa sem roteiros, esse sim, e não esses improvisos falsos que andam ganhando o carisma da galera, no qual um olhar mais atento notará, o rodízio do quem faz o que é sempre o mesmo. NÃO SE ENGANEM.
Um programa que mais do que entrevista, rola uma verdadeira troca de faíscas de olho pra olho e de boca para o mundo, sem medo desse monstro TV que vive comendo o próprio rabo.
Sem querer parecer ridículo no jogo de palavras, um programa que provoca uma verdadeira revolução na cabeça do espectador e causa reflexões nada costumeiras.
Falo de PROVOCAÇÕES, pilotado como um verdadeiro show intimista na TV Cultura pelo grande Abujambra às quinta-feiras lá pela 00:00h (confira grade em http://www.tvcultura.com.br/).
Não perca mais seu tempo com as tolices do , pois com um pouquinho de sensibilidade verá que mais se preocupa em mandar a piada certa que em vários momentos acaca por denegrir o entrevistado, ao invés de mostrar o que de interessante o mesmo tem a oferecer.
Abujambra é visão de mundo, e não propaganda das pratas da casa.
Recomendo que todos comecem a ser provocados ao invés das exaustivas malhações com nossas cabeças.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Círculos de Chumbo sobre Carne de Geléia

Corpos alcançam o ponto de partida
Desgaste e deterioração
Evita o olhar
Não sabe o que falar
Desequilíbrio e tormenta
Silêncios longos e desconfortáveis
Pequenos cortes que ardem.
A cada passo dado
Novos vestígios enferrujados
Fazem buracos que se encontram
Formam crateras que se afastam
Sem explicação clara
Sem recuperação barata.
E nada será igual
Com membros pelo caminho
À flor da pele, intenso
Carinho demasiado e sangrento.
Corpos em setas tortas
Grita: volte e me liberte.
Volta o ponteiro ao bruto
Sem diamantes ambiciosos
Cicatrizes invisíveis.
Pessoa o que você acha?
Eles interagem como eu
Tão dispersos e tranquilos
E sou apenas um fingido
Tentando terminar a adaptação
Porém quanto mais próximo do fim
Mais fundo eu vou.
Nuvens vão chegando
Se encontram em meus ossos
Que estremessem como termômetros;
Previsão de chuva e ventania.
Pra longe eu caminho
Dessa ilusão lúdica
Que não funciona para velhos;
Uma perna sem rota definida
Em qualquer canto acomodado,
Isolado, jogado, fora de órbita.
Afastado eu chego novamente
Eu chego cada vez mais distante
Com os olhos embaçados
Pelo fardo da canção
Das voltas pesadas
Do círculo de sangue
Que dá o que não consigo distinguir:
Sabedoria ou fraqueza
Tentando adormecer a cabeça
E ficar mais calmo
Eu só me afasto
Na noite silenciosa
Nos dias desencontrados
Eu sempre me afasto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Anos Metamorfos

Foram anos de um pequeno ovo
Areia em meus olhos
Quando tudo fugiu lentamente
Prolongando meu grito desesperado
Minha voz se foi,
Meu rosto caiu do horizonte
Como um boneco desarticulado
E meus olhos ficaram paralisados.

Mas ilusões nem sempre nos ferem
E pude renascer de uma farsa forjada
Humanos e humanos...
Por anos numa redoma estranha
Em constante movimento
Estados conturbando meus pensamentos
E marcando meu rosto
Até que meus olhos desfigurados pudessem renascer;

Esta é a canção
Este é o Sol que nem sempre está distante
Esta é a história
Esta é a pele recomposta como cobra
Este é o desejo
Este é o doce que pôde contorcer meus lábios
Este é o ar
Este é o corte de uma navalha de ouro.

Um violino tranquilizante entorpece meus sentidos
E um anjo subversivo entorpece meus sonhos.
E posso matar com a beleza de causar lágrimas
E posso ressucitar com vinho as belas rosas desistentes.

A corrente sanguinea corre, agitada
Olhar num canto encontrado
Agora onde está? Sempre procurado.
Consciente do começo e prolongando o antigamente
Com cortes, vida e morte.
Em encontoros atiçando os neurônios
No sonho e nos beijos
Estica a corda Fênix
Acena para correr como um louco
Desesperado, eu quero brilhar eternamente.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Crítica: S. Darko

 Donnie Culti

Sinopse: Na continuação de "Donnie Darko", a irmã caçula de Donnie, Samantha Darko, e seu melhor amigo, Corey, estão com 18 anos. Durante uma viagem para Los Angeles, os dois são atormentados por visões bizarras.

Aiaiai... "Vai sair a continuação do Donnie Darko". Essa foi mais uma daquelas frases que ouvi e me causou arrepios instantâneos.
E o pior é a curiosidade que faz com que eu ainda perca 2h dessa preciosa e curta vidinha numa esperança morta antes de nascer para tentar achar algum ponto forte no filme.
A trilha sonora! Ufa... Cocteau Twins e mais algumas pérolas. E só!
De resto é muita bizarrice (não a bizarrice muito louca do primeiro e único Donnie), e um quinhão de tentativas de cenas impactantes e confusão sem amarração, num esforço patético de ressucitar os arquétipos do universo criado por Richard Kelly.
A verdade nua e crua é que essa irmã mais nova jamais teve motivos para aparecer mais velha e o universo de Donnie se encerra em si mesmo; resquícios e outras viagens são apenas para nível pessoal, cada um com o seu.
Pior que a continuação de Matrix só essa mesmo. Mas não, vocês não conseguiram matar o eterno cult do coelho Frank, apenas fazer eu perder 2h com bobagens de um roteiro escroto de fãs meia tigela, que não sabem qual é o lugar de um bom fã.

Da próxima vez, CRIEM!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vênus

Uma noite silenciosa, um quarto de motel. Frente a penteadeira entrelaça nas mechas negras uma fita violeta. Olhos pintados, enegrecidos contrastam com a face pálida como a neve. Com um beijo a marca vermelha do batom figura o copo de vodka barata, esvaida num só trago pela gaganta deserta. O vestido negro se vai, deixando apenas o eco do salto pela memória...

A porta desliza devagar e um corpo esquálido de olhos fundos e ossos soltos surge. Caminha sem muita firmeza, pouco mais que um fantoche. Tem lá seu charme. Desliza pelo rosto sua mais nova herança; na mão direita um lenço branco com flores negras estampadas. Lenço de perfume e lágrimas. Uiva como um lobo para o céu de concreto em neon azul, cheio de velhos corpos que já não brilham, enferrujados. Tem uma estrela- mor que gira, gira, gira... e risca a face que além da matéria respira a última noite ainda, a única vivida no presente, e que assim conservará pelo resto das batidas.

Em tom suave acena para a lembrança, tão dilacerante mas tão boa que desvaloriza as outras. Um mal de alzheimer proposital aos fragmentos chamados verdade, da dor que mata e alimenta.

Olhos esfumaçantes de vinho e nostalgia queimam documentos, notas, gravatas e todas as peças da masmorra que ilude com o nome felicidade. Agora está tudo bem, nervos amortecidos, ombros relaxados e lábios doces, cheios do gosto da existêcia possível.

Por quadros renascentistas e melodias divinas caminha. Anjo, demônio, não humano! desacelera os passos, tolice. Respira.

Fecha a porta num adeus apaixonado, de mãos leves, quase pairando em vida própria, uma gaivota. E adormece com o veneno que todos gostariam de adormecer ou pelo menos sonhar. O veneno da euforia espiritual, do clímax corporal, da vida gozada como vida.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Ator Almir Marcelino em Defesa da Arte


Cellar Door entrevisou o ator, diretor e poeta Almir Marcelino, desde os anos 70 um dos defensores da arte na cidade de Mairiporã. Almir é membro co - fundador do grupo de Teatro Bothokipariu, junto com João Cardoso e Djalma Lima; e um dos fundadores e mentor do grupo Roda Teatral, que defendeu Mairiporã na fase regional do Mapa Cultural Paulista 2009/2010 com a peça "Sermos Pelo Que Somos", que o tem como autor e diretor.

No foco da entrevista Almir nos conta sobre suas aventuras e desventuras pelo mundo da arte, sob a ótica de muitas pedras já roladas ao longo dos últimos 30 anos...

Qual a importância da arte em sua vida?
Tem a importância do alimento, do ar que respiro, da própria percepção que eu tenho da vida. Pode parecer exagero, mas, em geral as pessoas não se dão conta de que a arte nutre a vida em todos os sentidos, e as sociedades que fecham os olhos para a expressão humana, para a vida artística, para a percepção do que é natural e essencialmente belo, em geral são sociedades pobres, material, espiritual e intelectualmente.

Então você acredita que as atividades culturais têm poder transformador?
Eu acredito sim, que a atividade "humana" tem o poder transformador. A humanidade se transforma através das inúmeras atividades "humanas". Porém essas atividades só podem levar á transformações sociais de caráter mais amplo, se forem adotadas como projetos políticos para este fim. Caso contrário, as atividades em geral têm uma força transformadora lenta, quase imperceptível. É o caso da atividade cultural, que em tese promove a transformação do indivíduo.

"Tenho procurado fazer o que posso e o que não posso, para que a questão cultural seja tema não no futuro, mas no presente em Mairiporã"

Durante sua trajetória, você sofreu algum tipo de censura ou encontrou outros empecilhos pelo caminho?
Sim, lá no início, além da censura que existia no país, isso se refletia e infelizmente se reflete até hoje na cidade, através da mentalidade ainda retrógrada da maioria das pessoas que sempre estiveram no poder aqui em Mairiporã.
É bom que se diga que esse poder vai desde as "pequenas autoridades" ou os "aspones" de plantão -que são terríveis-, passando pelo poder religioso, liderado pela Igreja Católica, pelos detentores do poder econômico, e pelo poder político pseudo- constituído. Empecílhos? A lista daria outra Enciclopédia. Por isso vamos em frente enquanto outro não surge.

Você ainda tem fé, esperança, quando tenta avistar um futuro em Mairiporã envolvendo as artes?
Por incrível que pareça eu tenho fé e esperança, mas não essa fé cega e babaca, nem essa esperança de boca aberta, esperando que as coisas caiam do céu. Verde esperança não! Tenho procurado fazer o que posso e o que não posso, para que a questão cultural seja tema não no futuro, mas no presente de Mairiporã.
Vislumbrar, trabalhar, mentalizar, realizar a tarefa de fazer com que Mairiporã aposte e invista na cultura, aliada a educação, saúde, turismo e esporte como atividade econômica, geradora de emprego, renda e identidade para o município. Pode ser utopia, mas precisamos resgatar as utopias, se quisermos sair da lenda para entrar para a história.

domingo, 16 de maio de 2010

Homens Imaginários

Olá pessoal. Quero agradecer a presença do Sílvio e do André, mais a surpreendente presença dos 5 mil amantes da poesia que compareceram ao primeiro SARAU no último sábado. Lemos bons poemas que gostamos; fizemos uns improvisos na gaita e no violão ao recitar poemas, foi muito legal!

Discutimos alguns assuntos que consideramos interessantes, e do qual sofrem um vácuo na mentalidade de muitos, "enteligentes", que passeiam pelos discursos lúdicos e autoritários, mas nunca se atrevem ao polêmico, pra que? É chato, torna quem dá entrada chato, e o importante é dar risada, sempre, porque está tudo bem, e os dias são perfeitos.

Depois para fechar a noite, fomos tomar umas boas cervejas e comer batatas em conserva, hehe... valeu dona Odete, serviu uma porção caprichada enquanto o Kill mandou na violera Sá, Rodrix & Guarabira, Raul e Zé Ramalho pra gente cantar. Teve até Ramones e Talking Heads- Psicho Killer- no embromation, rs..!

Então chega a hora de ir para casa, e dormir para um novo dia, que enfrentaremos de peito aberto e cabeça viva, porque estamos quase sozinhos ainda, e isso é uma esperança.