sexta-feira, 28 de maio de 2010

10 anos de...

Depois de um tempo sem postar por aqui, ontem algo me tocou. Não, não foi um dedo. Foi um programa muito foda que há 10 anos escancara com a TV aberta e toda a acefalia da qual se compõe e nos alimenta, nos adestra.
Um programa sem roteiros, esse sim, e não esses improvisos falsos que andam ganhando o carisma da galera, no qual um olhar mais atento notará, o rodízio do quem faz o que é sempre o mesmo. NÃO SE ENGANEM.
Um programa que mais do que entrevista, rola uma verdadeira troca de faíscas de olho pra olho e de boca para o mundo, sem medo desse monstro TV que vive comendo o próprio rabo.
Sem querer parecer ridículo no jogo de palavras, um programa que provoca uma verdadeira revolução na cabeça do espectador e causa reflexões nada costumeiras.
Falo de PROVOCAÇÕES, pilotado como um verdadeiro show intimista na TV Cultura pelo grande Abujambra às quinta-feiras lá pela 00:00h (confira grade em http://www.tvcultura.com.br/).
Não perca mais seu tempo com as tolices do , pois com um pouquinho de sensibilidade verá que mais se preocupa em mandar a piada certa que em vários momentos acaca por denegrir o entrevistado, ao invés de mostrar o que de interessante o mesmo tem a oferecer.
Abujambra é visão de mundo, e não propaganda das pratas da casa.
Recomendo que todos comecem a ser provocados ao invés das exaustivas malhações com nossas cabeças.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Círculos de Chumbo sobre Carne de Geléia

Corpos alcançam o ponto de partida
Desgaste e deterioração
Evita o olhar
Não sabe o que falar
Desequilíbrio e tormenta
Silêncios longos e desconfortáveis
Pequenos cortes que ardem.
A cada passo dado
Novos vestígios enferrujados
Fazem buracos que se encontram
Formam crateras que se afastam
Sem explicação clara
Sem recuperação barata.
E nada será igual
Com membros pelo caminho
À flor da pele, intenso
Carinho demasiado e sangrento.
Corpos em setas tortas
Grita: volte e me liberte.
Volta o ponteiro ao bruto
Sem diamantes ambiciosos
Cicatrizes invisíveis.
Pessoa o que você acha?
Eles interagem como eu
Tão dispersos e tranquilos
E sou apenas um fingido
Tentando terminar a adaptação
Porém quanto mais próximo do fim
Mais fundo eu vou.
Nuvens vão chegando
Se encontram em meus ossos
Que estremessem como termômetros;
Previsão de chuva e ventania.
Pra longe eu caminho
Dessa ilusão lúdica
Que não funciona para velhos;
Uma perna sem rota definida
Em qualquer canto acomodado,
Isolado, jogado, fora de órbita.
Afastado eu chego novamente
Eu chego cada vez mais distante
Com os olhos embaçados
Pelo fardo da canção
Das voltas pesadas
Do círculo de sangue
Que dá o que não consigo distinguir:
Sabedoria ou fraqueza
Tentando adormecer a cabeça
E ficar mais calmo
Eu só me afasto
Na noite silenciosa
Nos dias desencontrados
Eu sempre me afasto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Anos Metamorfos

Foram anos de um pequeno ovo
Areia em meus olhos
Quando tudo fugiu lentamente
Prolongando meu grito desesperado
Minha voz se foi,
Meu rosto caiu do horizonte
Como um boneco desarticulado
E meus olhos ficaram paralisados.

Mas ilusões nem sempre nos ferem
E pude renascer de uma farsa forjada
Humanos e humanos...
Por anos numa redoma estranha
Em constante movimento
Estados conturbando meus pensamentos
E marcando meu rosto
Até que meus olhos desfigurados pudessem renascer;

Esta é a canção
Este é o Sol que nem sempre está distante
Esta é a história
Esta é a pele recomposta como cobra
Este é o desejo
Este é o doce que pôde contorcer meus lábios
Este é o ar
Este é o corte de uma navalha de ouro.

Um violino tranquilizante entorpece meus sentidos
E um anjo subversivo entorpece meus sonhos.
E posso matar com a beleza de causar lágrimas
E posso ressucitar com vinho as belas rosas desistentes.

A corrente sanguinea corre, agitada
Olhar num canto encontrado
Agora onde está? Sempre procurado.
Consciente do começo e prolongando o antigamente
Com cortes, vida e morte.
Em encontoros atiçando os neurônios
No sonho e nos beijos
Estica a corda Fênix
Acena para correr como um louco
Desesperado, eu quero brilhar eternamente.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Crítica: S. Darko

 Donnie Culti

Sinopse: Na continuação de "Donnie Darko", a irmã caçula de Donnie, Samantha Darko, e seu melhor amigo, Corey, estão com 18 anos. Durante uma viagem para Los Angeles, os dois são atormentados por visões bizarras.

Aiaiai... "Vai sair a continuação do Donnie Darko". Essa foi mais uma daquelas frases que ouvi e me causou arrepios instantâneos.
E o pior é a curiosidade que faz com que eu ainda perca 2h dessa preciosa e curta vidinha numa esperança morta antes de nascer para tentar achar algum ponto forte no filme.
A trilha sonora! Ufa... Cocteau Twins e mais algumas pérolas. E só!
De resto é muita bizarrice (não a bizarrice muito louca do primeiro e único Donnie), e um quinhão de tentativas de cenas impactantes e confusão sem amarração, num esforço patético de ressucitar os arquétipos do universo criado por Richard Kelly.
A verdade nua e crua é que essa irmã mais nova jamais teve motivos para aparecer mais velha e o universo de Donnie se encerra em si mesmo; resquícios e outras viagens são apenas para nível pessoal, cada um com o seu.
Pior que a continuação de Matrix só essa mesmo. Mas não, vocês não conseguiram matar o eterno cult do coelho Frank, apenas fazer eu perder 2h com bobagens de um roteiro escroto de fãs meia tigela, que não sabem qual é o lugar de um bom fã.

Da próxima vez, CRIEM!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vênus

Uma noite silenciosa, um quarto de motel. Frente a penteadeira entrelaça nas mechas negras uma fita violeta. Olhos pintados, enegrecidos contrastam com a face pálida como a neve. Com um beijo a marca vermelha do batom figura o copo de vodka barata, esvaida num só trago pela gaganta deserta. O vestido negro se vai, deixando apenas o eco do salto pela memória...

A porta desliza devagar e um corpo esquálido de olhos fundos e ossos soltos surge. Caminha sem muita firmeza, pouco mais que um fantoche. Tem lá seu charme. Desliza pelo rosto sua mais nova herança; na mão direita um lenço branco com flores negras estampadas. Lenço de perfume e lágrimas. Uiva como um lobo para o céu de concreto em neon azul, cheio de velhos corpos que já não brilham, enferrujados. Tem uma estrela- mor que gira, gira, gira... e risca a face que além da matéria respira a última noite ainda, a única vivida no presente, e que assim conservará pelo resto das batidas.

Em tom suave acena para a lembrança, tão dilacerante mas tão boa que desvaloriza as outras. Um mal de alzheimer proposital aos fragmentos chamados verdade, da dor que mata e alimenta.

Olhos esfumaçantes de vinho e nostalgia queimam documentos, notas, gravatas e todas as peças da masmorra que ilude com o nome felicidade. Agora está tudo bem, nervos amortecidos, ombros relaxados e lábios doces, cheios do gosto da existêcia possível.

Por quadros renascentistas e melodias divinas caminha. Anjo, demônio, não humano! desacelera os passos, tolice. Respira.

Fecha a porta num adeus apaixonado, de mãos leves, quase pairando em vida própria, uma gaivota. E adormece com o veneno que todos gostariam de adormecer ou pelo menos sonhar. O veneno da euforia espiritual, do clímax corporal, da vida gozada como vida.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Ator Almir Marcelino em Defesa da Arte


Cellar Door entrevisou o ator, diretor e poeta Almir Marcelino, desde os anos 70 um dos defensores da arte na cidade de Mairiporã. Almir é membro co - fundador do grupo de Teatro Bothokipariu, junto com João Cardoso e Djalma Lima; e um dos fundadores e mentor do grupo Roda Teatral, que defendeu Mairiporã na fase regional do Mapa Cultural Paulista 2009/2010 com a peça "Sermos Pelo Que Somos", que o tem como autor e diretor.

No foco da entrevista Almir nos conta sobre suas aventuras e desventuras pelo mundo da arte, sob a ótica de muitas pedras já roladas ao longo dos últimos 30 anos...

Qual a importância da arte em sua vida?
Tem a importância do alimento, do ar que respiro, da própria percepção que eu tenho da vida. Pode parecer exagero, mas, em geral as pessoas não se dão conta de que a arte nutre a vida em todos os sentidos, e as sociedades que fecham os olhos para a expressão humana, para a vida artística, para a percepção do que é natural e essencialmente belo, em geral são sociedades pobres, material, espiritual e intelectualmente.

Então você acredita que as atividades culturais têm poder transformador?
Eu acredito sim, que a atividade "humana" tem o poder transformador. A humanidade se transforma através das inúmeras atividades "humanas". Porém essas atividades só podem levar á transformações sociais de caráter mais amplo, se forem adotadas como projetos políticos para este fim. Caso contrário, as atividades em geral têm uma força transformadora lenta, quase imperceptível. É o caso da atividade cultural, que em tese promove a transformação do indivíduo.

"Tenho procurado fazer o que posso e o que não posso, para que a questão cultural seja tema não no futuro, mas no presente em Mairiporã"

Durante sua trajetória, você sofreu algum tipo de censura ou encontrou outros empecilhos pelo caminho?
Sim, lá no início, além da censura que existia no país, isso se refletia e infelizmente se reflete até hoje na cidade, através da mentalidade ainda retrógrada da maioria das pessoas que sempre estiveram no poder aqui em Mairiporã.
É bom que se diga que esse poder vai desde as "pequenas autoridades" ou os "aspones" de plantão -que são terríveis-, passando pelo poder religioso, liderado pela Igreja Católica, pelos detentores do poder econômico, e pelo poder político pseudo- constituído. Empecílhos? A lista daria outra Enciclopédia. Por isso vamos em frente enquanto outro não surge.

Você ainda tem fé, esperança, quando tenta avistar um futuro em Mairiporã envolvendo as artes?
Por incrível que pareça eu tenho fé e esperança, mas não essa fé cega e babaca, nem essa esperança de boca aberta, esperando que as coisas caiam do céu. Verde esperança não! Tenho procurado fazer o que posso e o que não posso, para que a questão cultural seja tema não no futuro, mas no presente de Mairiporã.
Vislumbrar, trabalhar, mentalizar, realizar a tarefa de fazer com que Mairiporã aposte e invista na cultura, aliada a educação, saúde, turismo e esporte como atividade econômica, geradora de emprego, renda e identidade para o município. Pode ser utopia, mas precisamos resgatar as utopias, se quisermos sair da lenda para entrar para a história.

domingo, 16 de maio de 2010

Homens Imaginários

Olá pessoal. Quero agradecer a presença do Sílvio e do André, mais a surpreendente presença dos 5 mil amantes da poesia que compareceram ao primeiro SARAU no último sábado. Lemos bons poemas que gostamos; fizemos uns improvisos na gaita e no violão ao recitar poemas, foi muito legal!

Discutimos alguns assuntos que consideramos interessantes, e do qual sofrem um vácuo na mentalidade de muitos, "enteligentes", que passeiam pelos discursos lúdicos e autoritários, mas nunca se atrevem ao polêmico, pra que? É chato, torna quem dá entrada chato, e o importante é dar risada, sempre, porque está tudo bem, e os dias são perfeitos.

Depois para fechar a noite, fomos tomar umas boas cervejas e comer batatas em conserva, hehe... valeu dona Odete, serviu uma porção caprichada enquanto o Kill mandou na violera Sá, Rodrix & Guarabira, Raul e Zé Ramalho pra gente cantar. Teve até Ramones e Talking Heads- Psicho Killer- no embromation, rs..!

Então chega a hora de ir para casa, e dormir para um novo dia, que enfrentaremos de peito aberto e cabeça viva, porque estamos quase sozinhos ainda, e isso é uma esperança.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Visão Mutilada ou A Busca

   Em um sonho, Renée não reconheceu as coisas cotidianas que o cercavam. Talvez numa tentativa inconsciente e desesperadora de fugir da realidade que vivia. Ou será que essa tal realidade seria simplesmente um jogo de interesses maiores? Uma contradição real; "O senso comum mas não o senso de todos".
   Renée é o jovem se preparando para o que chamam em algum lugar de O despertar da vida. E mais! Talvez seja eu, você..
   Vestiu a pele do nome Filósofo e conseguiu, ou ao menos tentou se livrar dos grilhões e sair da caverna.
   A Caverna. O Big Brother de Platão nos vigiando, censurando e controlando. Invadindo a mente, a alma. A alma remanescente que talvez já nem mereça tal nome. O resto de entre o sexo dos pais e a primeira palmada na bunda.
   Você se solta, sai a vê além. A natureza! A natureza selvagem! A vida em seu estado puro, sem deturpações e medições do homem em seu pessoal que, por mera ambição, tenta estabelecer o um ao coletivo. Não há soma, e sim multiplicação em série.
   Você retorna afim de salvar seus semelhantes, e risos e canivetes chovem em sua cabeça e lhe sangram até a morte dos sonhos. Será que os homens realmente não acreditam? Será que a risada não foi apenas um disfarce, tal qual uma armadura, para esconder o medo? O medo do desconhecido, da quebra de sua não cria, da tão difícil aceitação. Enfim, de sua própria luz.
   E sem preparação não há aceitação para aquele que foi condicionado e teve seus sentimentos e cérebro massacrados pelo senso comum. O que resta é uma espécie de máquina, que se agarrou na única chance, esperança ou qualquer outro nome que se queira dar a isso. Eu diria esmola, a deficiência monocular de perspectivas.
   O homem então vive na caverna, de olhos fechados, vendo o que todos vêem há muito tempo com os olhos de Leviatã.
   O homem não morre. Sai rastejando e ferido. Não resiste ao sonho que se sonha só. Mas sua última visão foi de olhos abertos.
   Adeus Renée, adeus eu, você em algum lugar no tempo. Em algum ponto de nossas pobres vidas, talvez o último agraciado com um pouco de orgulho.

Crítica: O Lutador

Na Pele do Carneiro

"Uma rara convergência harmônica de ator e papel"
                                                            Newswek - David Assen

Astro de luta livre nos anos 80, Randy "The Ram" Robinson foi esquecido na década seguinte, e agora vive uma vida bem distante do glamour. Trabalhando num supermercado e lutando de segunda num ginásio, descobre um problema cardíaco após sofrer infarto. A história acompanha sua tentativa de reconciliação com a filha e o relacionamento com uma stripper enquanto vive o dilema de voltar ou não aos ringues para uma luta especial, e com isso arriscar sua vida, contrariando ordens médicas para que não lute mais.


Profundo, pesado e sincero este "O Lutador". Graças a direção de Darren Aronofski, que tem como marca registrada ir a fundo nos temas de seus filmes- veja "PI" ( matemático que descobre a lendária sequência universal de números que regem a vida), "Réquiem para um Sonho" (vício em drogas lícitas e ilícitas), "Fonte da Vida" (busca pela fonte da juventude)- nos sentimos lado a lado de Randy o tempo todo, que é captado pela câmera em primeira pessoa. São duas horas na pele do personagem, em que comemos, dormimos e lutamos com ele. Impecável atuação de Mickey Rourke, num papel que se confunde um pouco com sua vida real, na qual lutou boxe durante cinco anos e fez várias cirurgias de reconstrução facial. Uma trilha sonora maravilhosa, que cai como uma luva para a história com Accept, Quiet Riot e Guns N' Roses no clímax da trama com "Sweet Child O'Mine". Sem contar a música tema "The Wrestler" do velho guerreiro Bruce Springsten, mais uma grande injustiça do Oscar, que sequer a indicou como melhor canção.

Entre a dor e a glória, entre uma bela filha e uma provocante stripper vive Randy; "um pedaço velho e quebrado de carne", segundo o próprio, devido aos excessos de uma vida completamente desregrada. Este é "The Ram" (O Carneiro), um homem que só quer continuar, mesmo que para isso tenha que sacrificar a única coisa que lhe resta.

O Pássaro e o Canto do Precipício


Antony Hegarty é um clown de maquiagem borrada e esquecido pela alegria, que tem na música sua forma de se expressar e encontrar seus semelhantes. Tão dormente que já não sente o calor do Sol. Então espera pelo entardecer e à luz da Lua e das estrelas faz sua oração: " Esperança, há alguém que vai cuidar de mim quando eu morrer, terei de ir. "


Entra no cabaré, senta-se em frente ao piano e acompanhado por sua banda encarna os recentimentos e traumas do passado, cantando para os desajustados, esquecidos e rejeitados por sua natureza humana. Assim percorre a noite, repleta de solitários rostos caídos nas extremidades do vento, que ganham vez através de sua interpretação e em seus asseclas Lou Reed, Boy George, Rufus Wainwright, Devendra Banhart, Candy Darling, Nico Muhly e Kazuo Ohno dentre outros, seja em suas canções ou do outro lado do espelho, nas artes que formam as ruas de seu mundo.

Na voz encontra algum sentido. No tão sublime e delicado som de sua música, que muitas vezes chega a ser tão intensa e profunda que enleva o espírito e faz o ouvinte viajar em braços que mesmo desconhecidos o confortam.

Almas perdidas, atrocidades, viagem durante um ataque epiléptico, medo da solidão mesmo após a morte... Preconceito, violência, homofobia e ignorância, ao invés de sepultar de vez com a última pá de cal, se transformam num escudo transparente e intransponível, pois a verdade não tem do que se esconder quando combatente da opressão e da intolerância.

E Anthony canta como se sua voz saísse de todas as partes do corpo e carregasse todos os sentimentos do mundo; belos, dolorosos... Horas num crescente denso, gospel, poético, sombrio, envolvente. E cresce em espasmos onde por momentos parece que soltará um gás cintilante da garganta que irá nos enolver e levar a uma viagem pessoal, imaginária, surreal para dentro de si mesmo e ao universo em expansão para sempre.

Mais um adeus, outra perda, um reencontro tardio numa madrugada fria. Um garoto à beira do precipício, pronto para nascer de novo. Ele sabe que se pular irá cair, e mesmo assim o faz, pois lá no fundo reside um fio de esperança, acreditando que em algum momento poderá voar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não se sinta única, porque você Não é

Não adianta pensar que é segredo
Querer se sentir diferente
Porque um soco no estômago dói pra valer
E uma noite de rodadas misturas deixa de ressaca.

Pare de fazer pose, pare de fazer pose.

No BANG caímos duros e frios
Na escuridão os vermes crescem
A dor acaba chegando sempre
De bobeira, cara de idiota, se corroendo.

Pare de fazer pose, pare de fazer pose.

Carros explodem
Passarinhos estilingados
Aviões caem
Trabalhadores estuprados

Um dia você terá rugas e buracos na cara
Um dia você irá brochar, você esquentará na menopausa
Um dia o dia sequer irá nascer
E terá sido mais uma noite perdida.

Teatro de Cachorro Grande

Hoje quero falar do documentário do Grupo Galpão. Um verdadeiro arraso.
Assisti a essa empreitada emocionante. E que história!
O DVD narra a trajetória desse que é considerado um dos maiores grupos de teatro do Brasil. Desde suas primeiras incursões com argentinos em worksops e oficinas e sua formação.

Artes circences, música, Teatro de Rua, drama rodriguiano, releituras de peças clássicas - Romeu & Julieta, O Inspetor Geral-, o que se tornaria uma marca do grupo, e sua apresentação no Globe Theater, primeiro grupo brasileiro a fazer uma apresentação de Sheakespeariana em seu teatro.

Todos que amam a arte do presente; todos que fazem parte de um grupo deveriam ver esse documentário- exemplo de persistência e elevação do teatro como uma religião, parte indispensável de sua vida; o grupo que percorre a estrada como uma verdadeira família, com filhos, casais formados dentro do próprio grupo.

No DVD você pode conferir a trajetória do grupo de seu início até as parcerias com grandes mestres como: Paulo José, Cacá Carvalho, dentre outros...

Assistir ao percursso do Galpão foi um imenso prazer em ser o espectador, o admirador da 4ª parede.

Parabéns Galpão!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Crítica: Entrails

 Bem - Vindo ao Caos

Acaba de sair do forno Entrails, primeiro álbum da banda Umbilichaos. O trabalho foi gravado por Bernardo Pacheco ( Elma, Are You God?, Ratos de Porão, Presto), mixado e masterizado por Henrique Pucci (Paúra, Fim do Silêncio, Desalmado).

Muitas perguntas rondarão a cabeça, e muita reflexão será resultado certo da experiência som/imagem causada por este trabalho. À começar pelo belo encarte, que traz na capa o desenho de... um rosto?, uma vagina?, uma garganta?. Abra a caixinha e ponha para tocar o... EP?, LP?. Bom, são três faixas, sendo que duas alcançam quase a marca de vinte minutos! o que não é nem um pouco ruim, devido a viagem proporcionada por tais.

É hora do som! Space Rock, Stoner, Progressivo... Podem se mesclar infindáveis referências numa massa sonora cheia de personalidade, autêntica, original. Você sente as influências, mas não consegue decifrá- las, pois vagam pela atmosfera do disco, no ar, sem que possamos tocar.

A sensação que se tem ao ouvir Entrails é a de levar um soco no estômago, lento e constante, de punhos tão cerrados que a ponta dos dedos sangra a própria pele do agressor como se fosse ao mesmo tempo uma briga e auto-punição. O soco atravessa a pele e a palma da mão se abre, passando pelos órgãos sem tocá- los, com movimentos sutis, limpos e precisos. Então a mão se abre e as pontas dos dedos começam a corroer os ossos com unhas enormes e afiadas, em movimentos repetitivos, mecânicos. Os punhos abrem e fecham revelando a cada baforada esfumaçante do agressor uma nova dose de adrenalina que faz com que um mantenha o outro de pé, pois um depende do outro. A coexistência depende de um adversário, alguém em quem passar a rasteira e tirar a bandeira no topo, mantendo-se Deus por alguns segundos, antes que a fila dos prazeres umbilicais ande; sexo- brutal, feira de estupros coletivos em paisagens desoladoras, repletas de destroços e harmonizada por gritos desesperados, de uma mórbida esperança.

Estes são alguns dos sentidos causados; uma viagem, uma leitura provocada por Entrails. Muito mais que guitarras, baixo e bateria (eletrônica); um sentido de vida, uma viagem profunda adentro a alma dissecada de um artista. Esta é a Umbilichaos, em algum porão fazendo "barulho", no subterrâneo, infelizmente à mercê de uma cidade inóspita no que se refere espaço para a arte local.

Entre no myspace da banda e ouça "Speculum Phase". Baixe o ábum, divulgue, pirateie, e tenha algo decente do que se orgulhar. www.myspace.com/umbilichaos

Sonho de uma Noite de Outono

   Aguardou 5 minutos. Seus olhos ameaçavam aguar ao menor sinal de um passo, ainda que distante. Já era então uma eternidade para aquela situação.
   Tinham se conhecido através de um site de relacionamentos, e já eram tão íntimos! Talvez um conhecesse ao outro melhor do que á si mesmo, tamanhas eram as revelações segregadas nos teclados.
Mas agora, finalmente se conheceriam, depois de 2 anos de bate- papo e fotos para depertar os sentidos.
   No sétimo minuto, a imagem de uma das fotos começou a se mover em seus pensamentos e aquele corpo escultural disparava cada vez mais a frequência cardíaca, enquanto se movia sensualmente na fertilidade de sua imaginação...
   Com isso Pepe começou a tremer, tamanho seu nervosismo. Foram á cama despidos e praticaram em celeste comunhão o ato sexual. Pepe suava freneticamente, afinal, jamais tivera uma mulher e isso já podia ser considerado o mais próximo que jamais conseguira em 32 anos de existência; um encontro.
   De repente, um vestido vermelho apontou no horizonte. Era vermelho, como de combinado!
   Tremia, suava ,e seus olhos se afogavam em lágrimas..... frágil e puro Pepe...
   O vestido veio em passos compassados e lentamente na direção de um Pepe já embriagado e descontrolado pelo nervosismo. Um metro de um sonho, Pepe curvado, torto, quase beijava o banco que o sustentava. O perfume alcançou sua narinas; desequilíbrio e um abraço doloroso no chão do velho bosque.
   O vestido passou lento, assustado e diretamente por um homem pálido e franzino, de olhos esbugalhados e fundos contorcido em meio ás folhas secas do outono, com sua ponte de safena estourada e um sorriso que mal cabia no rosto lavado a suor e lágrimas emocionadas.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Crítica: Uma Vida sem Regras

Além do Crepúsculo
Já livre de pré-conceitos, assisti Uma Vida sem Regras, protagonizado pelo astro teen da saga Crepúsculo Robert Pattinson. O ator por sinal, está muito bem num estilo shoegazer-desengonçado. Ele faz o papel de Art, um adolecente na crise dos 20 anos e músico frustrado que acaba de tomar um fora da namorada. Fora sério problemas de relacionamento com os pais, que se mostram frios ao longo de todo o longa para com o filho e entre si mesmos, como ilhas. Seus amigos também são garotos bem estranhos, e o interessante é que todas essas pessoas que estão em volta de Art revelam resquícios seus, como se fossem partes de sua personalidade complexada.

Melancólico e sem saber que rumo dar a sua vida, Art acaba se apegando ao livro "Não É Sua Culpa", de  um guru de auto-ajuda, o Dr Levi Ellington, e usando seu dinheiro de herança, paga o Dr Ellington para ele se tornar o seu instrutor em tempo integral, acompanhando-o aonde quer que vá. A jornada se torna ao tempo que dolorosa, engraçada, com as aparições surpresa do guru nos lugares mais absurdos ao longo da trama para aconselhá-lo nas mais diversas situações.

Robert surpreende neste filme e se mostra um ator promissor; outra coisa bem legal é de já estar buscando papéis diferentes e que o desafiem, para que não fique eternamente iconizado como o vampiro Edward- caso do estagnado Daniel Radcliffe (Harry Potter), por exemplo. O que é uma ótima forma de levar seu público atual, que é composto em sua grande parte por adolescentes, a uma evolução natural do apreciar da 7ª arte.

Pés Minados

Querida, eu deveria começar do início
Dizer nome, idade e signo
E você mentaliza seu recorte
E eu espero que hoje tenha sorte

Mas ah querida, eu pulo adjetivos
Só lembro da cafeína, do álcool e da carne
Tenho andado doente e cansado
De doar e reciclar espiritualidade

Agora eu quero gritos roucos
Porque demência são bonecos plásticos
Agora eu quero um anjo deformado
Porque o medo da carência te deixa exilado

Hey, qual é o seu pior pesadelo?
Sem exaltação e alardes
Sim, eu tenho verbos ocultos
Sim, eu tenho um rosto de verdade.

Virada

Saudações meus amigos!
O SARAU está marcado, e sei, e sabia desde o início, é no dia da Virada Cultural, e depois a dor de barriga, e depois qualquer outro motivo que nos carregue ao ostracismo.

Está marcado, é no sábado mesmo, dia 15 às 16hs. É hora de nos unir e idealizar e projetar nossos movimentos.
Este ano poderei recitar poemas sozinho na praça Tuti Fruti, mas não irei na Virada. É um evento incrível, sempre que pude fui. Vi diversos shows e manifestações.
Vi Nação Zumbi, Zé Ramalho, Vanguart e Arnaldo Antunes, dentre outros.
Este ano queria conferir Cat Power e Yann Tiersen, além de algumas peças, porém eu penso:

Enquanto Mogi tem sua Virada,
Campinas tem sua Virada,
E São Paulo nem se fala...

Nós nos locomovemos, corremos- isso é muito legal-, e nos contentamos com a Virada Paulista no máximo do prato mineiro?
Nos contentamos com a política de eventos da Festa da Primavera, ao relento, sequer com uma barraca de flores para fazer juz ao nome?

Eu quero desabrochar minha sensibilidade, pois já cansei de me foder entre os espinhos, e isso não é ser radical, é tomar posição e não calar mais minha voz.

O SARAU está marcado.
Espero por quem vir.

Um grande abraço a todos, e um bom fim de semana, independente de qualquer coisa. O meu eu já escolhi.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Êxodus no Navio do Folias


Está em cartaz “Êxodos – O Eclipse da Terra”, a mais nova peça do grupo de teatro Folias D' arte, e primeira encenação desde a morte do diretor, ator e dramaturgo Reinaldo Maia, um dos fundadores do grupo, que é considerado atualmente um dos melhores em atividade no estado de São Paulo.


O texto trata das imigrações reais e metafóricas de um grupo d personagens vindos de todas as partes do mundo. Com início no andar de cima do galpão, o capitão do navio nos pergunta: "O que você sonhou esta noite?" E a partir dessa premissa começa a contar seu sonho, e leva todos para o térreo do galpão, onde a viagem começa.

Somos apresentados a cinco figuras, imigrantes em busca de uma vida melhor, que irão se deparar com inúmeros percalços e sofrer grandes transformações pessoais ao longo de sua trajetória, em quase três horas de peça, numa entrega total e impressionante dos atores.

Ao final do espetáculo, a impressão não é de que estamos saindo do galpão, mas sim de um navio, uma longa viagem, um tanto confusa em alguns momentos, devido a falta de clareza, mas fantástica em sua grande parte, apoiada visualmente por intervenções de artes plásticas precisas e o clima fiel ao mar insano, agitado e voraz da vida de quem busca seu lugar ao Sol.


Serviço:
Galpão do Folias
Rua Ana Cinta, 213, Santa Cecília - (11) 3361-223
De 4 de fevereiro a 30 de maio
Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h.,
Valor: R$ 30,00

Crítica: A Fita Branca

Menos para mais
Um vilarejo protestante no norte da Alemanha, em 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. A história de crianças e adolescentes de um coral dirigido pelo professor primário do vilarejo e suas famílias: o barão, o reitor, o pastor, o médico, a parteira, os camponeses. Estranhos acidentes começam a acontecer e tomam aos poucos o caráter de um ritual punitivo. O que se esconde por trás desses acontecimentos?

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o novo filme do diretor Michael Haneke, por outro ângulo, volta ao universo da violência, tema explorado em "Violência Gratuita" (2008), seu filme anterior.


O espectador acompanha uma história com alguns buracos, incertezas, propositalmente deixados por Haneke, através de um narrador que não é dos mais comuns, aquele quase Deus, onipresente, que destila uma trama em que nada foge aos seus olhos. “...assumir a mentira, é, paradoxalmente, o único meio de se aproximar da verdade histórica”, disse o diretor.
Em resgate a memória coletiva do início do século XX, o longa traz uma bela fotografia em P&B, apoiada por cenas em que a câmera registra estática atuações impecáveis, formando quadros marcantes.

Educação rígida e intolerante; famílias errantes, celas a que chamam pureza e vácuos ao término da sessão, deixam um silêncio mortal, em que a única coisa que se ouve, é a própria voz ecoando na cabeça, usufruindo do presente de Haneke, a liberdade de reflexão e interpretação do que foi visto. A união da audácia e da competência do diretor é tão eficaz que ele acrescenta ao tirar.

Crítica: Sherlock Holmes

Sherlock Holmes para a nova geração
Mais um personagem clássico ganha uma repaginada. Dessa vez é a cria de Arthur Conan Doyle; Sherlock Holmes.
Rober Downey Jr. dá leveza e humor sagaz ao personagem, através de um roteiro inteligente e cheio de sacadas geniais. Não podemos esquecer também de seu parceiro, o Dr. Watson, aqui interpretado por Jude Law.
Destaque também para a fotografia e cenários desconcertantes de uma Inglaterra de outrora.

Sherlock fuma seu cachimbo, toca seu bandolim e põe a cabeça para funcionar. Muito legal, aliás, as passagens em câmera lenta para mostrar seu lado calculista e minucioso na elaboração rápida de estratégias para situações-problema aparentemente sem solução. De cair o queixo, neste caso palmas aos roteiristas, a  forma como o maior detetive de todos os tempos explica como desvendou os mistérios da trama, recordando a época em que me divertia com as aventuras do herói no ginásio.

A parceria Holmes/Watson adquiri também um clima quase doentio de ciúmes, despertado pela iminente partida do Dr. prestes a se casar, e o tempo todo se mantendo pelo quase irmão inspetor-detetive.

Holmes é refinado como sempre, mas luta também e apanha um bocado neste ótimo filme, que dá o tempo todo a impressão de vacilo pelo clima sobrenatural, que  parece, prevalecerá sobre a ciência racional do herói, mas ganha a simpatia pós tensão do espectador no final.

Equilíbrio entre o entretenimento e bom roteiro são o ponto alto da saga, caso raro de aliança cinematográfica sem perder o fio da meada. E para encerrar, o jargão dispensado por besteira no longa, que acabou descaracterizando o personagem um pouco, orgulho tolo em fugir das raízes: Elementar meu caro Watson.

Tá marcado o SARAU!

Bom galera, depois do "milhão" de posts e participação da galera a respeito do SARAU, como prometido e já 1 dia atrasado, é hora de marcar nosso encontro com os grandes poetas, o poeta de nossas veias e o eterno Dionísio com sua deliciosa ânfora de vinho.

No próximo sábado, dia 15 de Maio às 16hs, conto com quem ama a poesia lá na praça "Tuti Fruti", em frente ao posto Ipiranga e anexo sem teto da casa da 3ª idade que não lembro o nome. Escolhi este local por viver vazio, e por acreditar que as praças tem função de funcionar como a para quem quer se expressar; encontros culturais.

Levem seus poemas, escritos a mão, datilografados, impressos, poemas de autores que admiram e vamos ler, um por vez, conversar sobre a inspiração para tal poesia; tomar um bom vinho - quem levar -, e ouvir uma boa viola e cantar junto. Vamos realizar também um grande varal de poemas- eu levo a corda e os prendedores!- vamos nos manifestar galera nesta cidade inóspita, apática...

Levem poemas que gostam também para deixar comigo ou mandei pro meu email (wanderleydias1@gmail.com), pois a volta do Zine Cellar Door em sua versão impressa será a partir desses encontros e reunião de escritas coletivas.

Então está marcado. Sábado, dia 15 de Maio às 16hs, nos encontramos para o encontro quinzenal do 1º SARAU CELLAR DOOR!

sábado, 8 de maio de 2010

Globalização Caipira

Uma grata surpresa hoje. Já tinha ouvido falar da banda "Charme Chulo", mas nunca pegado para ouvir.
Li na revista Rolling Stone sobre esse clipe, e fui buscar no servidorman YouTube, é que fantástico...

Os caras fazem algo que nunca tinha visto, aquela violeira elétrica a lá Smiths e ontros congêneres ingleses e afixação por temáticas do Brasil caipira e seus ícones, muito original e bem feito o som da banda.

Segue o link de "Fala comigo Barnabé", clipe lançado no começo do ano, do segundo álbum da banda; "Nova Onda Caipira.
Vale a pena conferir.

http://www.youtube.com/watch?v=mOs7l4jLxKM

Tá na Hora da Turma do Júlio!


Nossa, ontem estava num marasmo só, assistindo a TV desligada, pensando na morte da minha querida bezerra chiquinha e revezando entre a vigilância do sono e o sono vigilando de cochilos e despertares assustados com o barulho do maldito canto dos passarinhos-coitados- do meu maldito irmão. Mas um dos sustos não seria do canto do tico-tico ou sei lá que passarinho é aquele, e sim do meu sobrinho de 2 anos.
Ele me deu um tapa na perna e disse: - Cocólico.. cocólico...
E eu pensei:  "Mas que porra é essa?"
Perguntei pra mãe dele e ela disse que era o DVD do Cocoricó.
Coloquei a bagaça, e que surpresa! Me diverti pacas com as canções da fazenda, o "rock rural" como é chamado, talvez referência direta aos mestres Sá, Rodrix & Guarabira, Zé Ramalho, Zé Geraldo e outros...

O DVD é fantástico, muito divertido, e o que é mais legal; educativo de uma forma criativa e sem apelar para banalidades que deixam as crianças sem capacidade de reproduzir o aprendizado aplicando às situações do dia-a-dia depois, e sim apenas em repetições, como cópia mecânica enquanto assistem a obra.

Fiquei pensando, imagina se a Xuxa, por exemplo, fizesse uso do poder de comunicação que tem para instruir, ensinar... mas não, prefere ficar com aquelas bobageiras que atrofiam a cabeça das pobres e inocentes criancinhas, depois de já ter feito o mesmo com seus pais quando eram "baixinhos". Isso é verdade, porque a Xuxa já fodeu com umas três gerações, aquela cara de novinha não engana ninguém não.
Mas infelizmente é tudo parte do jogo diabólico da Roda Viva das mídias desse querido Brazil.

Depois desse pequeno afunilamento, voltando ao Cocoricó, Assistam! É bom dimais!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Os Mascarados

Sempre gostei de bandas que usam máscaras. Um puta artifício para o espetáculo da arena independente da plataforma, do estilo musical. Seja panque, borracha, kabuki... a máscara sempre joga a favor.

Desde David Bowie e seu homem das estrelas, Alice Cooper, Kiss e suas parafernálias glam, no Brasil os eternos homens da música cênica Secos & Molhados, com o grande Ney e seu agudo invejável...
Mais recente temos o exemplo do New Metal, Rock Horror, ou sei lá o que do Slipknot, por exemplo, que reciclou a roda e trabalhou máscaras incríveis...

A curiosidade de quem é o rosto que se esconde por trás da máscara, ou qual é a máscara por trás daquele rosto, em muitos casos, com artistas sem muita personalidade ou tremulantes e contraditórios na passagem dos anos perante a palavra com seus ardorosos fãs.

O Kiss, por exemplo, depois de muito tempo abandonou as máscaras, mas o que todo mundo sempre quer é revê- los como se apresentaram e alçaram seu som para o mundo. Já outros usam temporariamente o artífício, para representar o personagem de seu álbum conceitual, como é o caso do clássico Ziggy Stardust do camaleão David Bowie.
Mas no fim das contas, sempre surgem novos adeptos das máscaras e da maquiagem pesada, como diversas bandas de Black Metal e mesmo provindos do mundo cênico, para não deixar morrer a tradição do personagem de carne, osso e fantasia, que convenhamos, é muito mais legal do que essa pele seca e crua que carregamos todos os dias.

Oldboy

A corrida dos amigos imaginários
O cheiro dos prazeres desconhecidos
Os olhos espontaneos de humor

Mas desse mel não se compra
E o tempo escurece, pesa
E só na busca do pior você se sente melhor

Antes eu vivia embriagado
Hoje eu bebo para viver
Senhor Winehead contra a sanidade*

*morte/ loucura e afins

terça-feira, 4 de maio de 2010

Abram o Semáforo!


Quero falar de "Semáforo", música do primeiro álbum da banda Vanguart.
Primeiro eu gostei. Depois cansei de tanta falação, e cansei do papo folk do pessoal que insistia na taxação que funciona apenas para resumir e facilitar um trabalho aos que preferem sopa e comida mastigada, que nem mamãe fazia antigamente.
Daí muitos se equivocaram em dizer que não gostavam da banda por não apresentar nadadenovo- titulo do 1º álbum da bela Mombojó- e falta de originalidade.

Meu, novo é o escambau! Não gostar de algo é mais do que normal e respeitável, mas desde que fique no gosto pessoal, pois para falar mal é necessário apresentar argumentos mais do que chulos.
Nem meu sobrinho que acabou de nascer é novo, já impregnado com as palavras proféticas de seu pai mal o coitadinho abriu os olhos, ainda com sangue do ventre pelo pequeno corpo:

- É homem! (e olha que ele já sabia desde a ultrassonografia). Esse vai ser pegador que nem o pai!

Pronto, o fardo machista do "sexo forte" já começou a encrostar para curvar suas costas pequeninas.

Novo é o escambau! E novo é quase tudo.
Novo é o escambau! Quase novo é sinônimo de cru, puro, virgem...
Novo é o escambau! Tudo é influência; união de idéias na panela do incosciente e metamorfose no rio da vida.

E o primeiro trabalho da Vanguart, que saiu pela Revista Outracoisa do Lobão, é muito bem construído.
"Semáforo", carro-chefe do álbum, com sua letra subjetiva, e bela melodia remetendo a paisagens surreais. Incrível. "Cachaça", "Hey yo Silver" são outras músicas bem legais do álbum trilingue.

Mas "Semáforo"... Até o clipe ganhou um tratamento especial. Não tem como passar batido, nem com o sinal aberto (ai que piada sem graça). Pare, ouça e se deixe levar...


Sinal verde! Free You Head! Mas não esqueça de dar descarga, sempre.

Sucesso

As pessoas admiram a vantagem
Mas e a coragem meus amigos
Onde está a coragem?
A coragem é para os "fracos"
João é uma puta, João é uma puta
John é uma puta, John é Deus
Que se fodam os ofendidos
Antes de morrer hei de dar um sorriso sincero
Era uma vez o brasileiro de Maiakóvski...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um Sarau!!!

Eu, o velho Wanderley - prazer em conhecê- lo (a), sempre quis organizar, se esta é bem a palavra, um SARAU. Daí tive uma idéia; "Por que não organizo com a galera um SARAU?". Eu sei, é idiota falar sobre a reflexão de algo que penso, que martela incessantemente em meu crâmio como uma novidade. Mas por outro lado, a bem da verdade, quantas coisas incríveis não deixamos morrer sem ir além dos muros do pensamente, apenas se eternizando como alimento de neurônios preguiçosos?

A idéia é bem simples na verdade, e não há porque complicar também. Sarau é Sarau. Fogueira, violão, varal de poesia, um palanque improvisado para o impriviso e/ ou o declamar de versos decorados, escritos pelas mão que detém a palavra ou um texto; poema que você goste e queira exaltar, compartilhar.

Não podemos esquecer também de reverenciar e exaltar o velho e para sempre jovem Dionísio, com um poucão de vinho aos lábios ressecados pelos dias cruéis da "vida".

É uma noite de exaltação, sem inimigos, pois somos neste agora todos por um senso comum, pela arte, e se dividir então seria tolice, já que as horas vivem a nos dividir, já que as ditaduras invisíveis nos jogam na arena de ossos, sangue e dor para nos degladir em busca dos 10 segundos globais do esquecimento abismal.

Cada um leva uma ou duas garrafas de vinho- só não vale vinagre de chapinha de R$ 5,00-, seus poemas, viola quem tocar, um pedaço de lenha para a aconchegante fogueira e o espírito liberto das máscaras diárias que sofocam as alegrias e tristezas reprimidas diariamente pela draga do implacável Sr. Tempo.

Agora preciso ouvi- los, pois a idéia não é uma ditadura, e sim filha que busca a fuga. Idéias de local e oque acham, logo abaixo, nos comentários, e vamos nos identificar para conversar melhor. Após o concenso, no próximo domingo, dia 9 de Maio, divulgo os detalhes por aqui mesmo.

Um grande abraço meus queridos! Avante e juntos contra a apatia da alma!