segunda-feira, 10 de maio de 2010

Crítica: A Fita Branca

Menos para mais
Um vilarejo protestante no norte da Alemanha, em 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. A história de crianças e adolescentes de um coral dirigido pelo professor primário do vilarejo e suas famílias: o barão, o reitor, o pastor, o médico, a parteira, os camponeses. Estranhos acidentes começam a acontecer e tomam aos poucos o caráter de um ritual punitivo. O que se esconde por trás desses acontecimentos?

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o novo filme do diretor Michael Haneke, por outro ângulo, volta ao universo da violência, tema explorado em "Violência Gratuita" (2008), seu filme anterior.


O espectador acompanha uma história com alguns buracos, incertezas, propositalmente deixados por Haneke, através de um narrador que não é dos mais comuns, aquele quase Deus, onipresente, que destila uma trama em que nada foge aos seus olhos. “...assumir a mentira, é, paradoxalmente, o único meio de se aproximar da verdade histórica”, disse o diretor.
Em resgate a memória coletiva do início do século XX, o longa traz uma bela fotografia em P&B, apoiada por cenas em que a câmera registra estática atuações impecáveis, formando quadros marcantes.

Educação rígida e intolerante; famílias errantes, celas a que chamam pureza e vácuos ao término da sessão, deixam um silêncio mortal, em que a única coisa que se ouve, é a própria voz ecoando na cabeça, usufruindo do presente de Haneke, a liberdade de reflexão e interpretação do que foi visto. A união da audácia e da competência do diretor é tão eficaz que ele acrescenta ao tirar.

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