sexta-feira, 14 de maio de 2010

Crítica: O Lutador

Na Pele do Carneiro

"Uma rara convergência harmônica de ator e papel"
                                                            Newswek - David Assen

Astro de luta livre nos anos 80, Randy "The Ram" Robinson foi esquecido na década seguinte, e agora vive uma vida bem distante do glamour. Trabalhando num supermercado e lutando de segunda num ginásio, descobre um problema cardíaco após sofrer infarto. A história acompanha sua tentativa de reconciliação com a filha e o relacionamento com uma stripper enquanto vive o dilema de voltar ou não aos ringues para uma luta especial, e com isso arriscar sua vida, contrariando ordens médicas para que não lute mais.


Profundo, pesado e sincero este "O Lutador". Graças a direção de Darren Aronofski, que tem como marca registrada ir a fundo nos temas de seus filmes- veja "PI" ( matemático que descobre a lendária sequência universal de números que regem a vida), "Réquiem para um Sonho" (vício em drogas lícitas e ilícitas), "Fonte da Vida" (busca pela fonte da juventude)- nos sentimos lado a lado de Randy o tempo todo, que é captado pela câmera em primeira pessoa. São duas horas na pele do personagem, em que comemos, dormimos e lutamos com ele. Impecável atuação de Mickey Rourke, num papel que se confunde um pouco com sua vida real, na qual lutou boxe durante cinco anos e fez várias cirurgias de reconstrução facial. Uma trilha sonora maravilhosa, que cai como uma luva para a história com Accept, Quiet Riot e Guns N' Roses no clímax da trama com "Sweet Child O'Mine". Sem contar a música tema "The Wrestler" do velho guerreiro Bruce Springsten, mais uma grande injustiça do Oscar, que sequer a indicou como melhor canção.

Entre a dor e a glória, entre uma bela filha e uma provocante stripper vive Randy; "um pedaço velho e quebrado de carne", segundo o próprio, devido aos excessos de uma vida completamente desregrada. Este é "The Ram" (O Carneiro), um homem que só quer continuar, mesmo que para isso tenha que sacrificar a única coisa que lhe resta.

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