sexta-feira, 14 de maio de 2010

Visão Mutilada ou A Busca

   Em um sonho, Renée não reconheceu as coisas cotidianas que o cercavam. Talvez numa tentativa inconsciente e desesperadora de fugir da realidade que vivia. Ou será que essa tal realidade seria simplesmente um jogo de interesses maiores? Uma contradição real; "O senso comum mas não o senso de todos".
   Renée é o jovem se preparando para o que chamam em algum lugar de O despertar da vida. E mais! Talvez seja eu, você..
   Vestiu a pele do nome Filósofo e conseguiu, ou ao menos tentou se livrar dos grilhões e sair da caverna.
   A Caverna. O Big Brother de Platão nos vigiando, censurando e controlando. Invadindo a mente, a alma. A alma remanescente que talvez já nem mereça tal nome. O resto de entre o sexo dos pais e a primeira palmada na bunda.
   Você se solta, sai a vê além. A natureza! A natureza selvagem! A vida em seu estado puro, sem deturpações e medições do homem em seu pessoal que, por mera ambição, tenta estabelecer o um ao coletivo. Não há soma, e sim multiplicação em série.
   Você retorna afim de salvar seus semelhantes, e risos e canivetes chovem em sua cabeça e lhe sangram até a morte dos sonhos. Será que os homens realmente não acreditam? Será que a risada não foi apenas um disfarce, tal qual uma armadura, para esconder o medo? O medo do desconhecido, da quebra de sua não cria, da tão difícil aceitação. Enfim, de sua própria luz.
   E sem preparação não há aceitação para aquele que foi condicionado e teve seus sentimentos e cérebro massacrados pelo senso comum. O que resta é uma espécie de máquina, que se agarrou na única chance, esperança ou qualquer outro nome que se queira dar a isso. Eu diria esmola, a deficiência monocular de perspectivas.
   O homem então vive na caverna, de olhos fechados, vendo o que todos vêem há muito tempo com os olhos de Leviatã.
   O homem não morre. Sai rastejando e ferido. Não resiste ao sonho que se sonha só. Mas sua última visão foi de olhos abertos.
   Adeus Renée, adeus eu, você em algum lugar no tempo. Em algum ponto de nossas pobres vidas, talvez o último agraciado com um pouco de orgulho.

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