segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Ator Almir Marcelino em Defesa da Arte


Cellar Door entrevisou o ator, diretor e poeta Almir Marcelino, desde os anos 70 um dos defensores da arte na cidade de Mairiporã. Almir é membro co - fundador do grupo de Teatro Bothokipariu, junto com João Cardoso e Djalma Lima; e um dos fundadores e mentor do grupo Roda Teatral, que defendeu Mairiporã na fase regional do Mapa Cultural Paulista 2009/2010 com a peça "Sermos Pelo Que Somos", que o tem como autor e diretor.

No foco da entrevista Almir nos conta sobre suas aventuras e desventuras pelo mundo da arte, sob a ótica de muitas pedras já roladas ao longo dos últimos 30 anos...

Qual a importância da arte em sua vida?
Tem a importância do alimento, do ar que respiro, da própria percepção que eu tenho da vida. Pode parecer exagero, mas, em geral as pessoas não se dão conta de que a arte nutre a vida em todos os sentidos, e as sociedades que fecham os olhos para a expressão humana, para a vida artística, para a percepção do que é natural e essencialmente belo, em geral são sociedades pobres, material, espiritual e intelectualmente.

Então você acredita que as atividades culturais têm poder transformador?
Eu acredito sim, que a atividade "humana" tem o poder transformador. A humanidade se transforma através das inúmeras atividades "humanas". Porém essas atividades só podem levar á transformações sociais de caráter mais amplo, se forem adotadas como projetos políticos para este fim. Caso contrário, as atividades em geral têm uma força transformadora lenta, quase imperceptível. É o caso da atividade cultural, que em tese promove a transformação do indivíduo.

"Tenho procurado fazer o que posso e o que não posso, para que a questão cultural seja tema não no futuro, mas no presente em Mairiporã"

Durante sua trajetória, você sofreu algum tipo de censura ou encontrou outros empecilhos pelo caminho?
Sim, lá no início, além da censura que existia no país, isso se refletia e infelizmente se reflete até hoje na cidade, através da mentalidade ainda retrógrada da maioria das pessoas que sempre estiveram no poder aqui em Mairiporã.
É bom que se diga que esse poder vai desde as "pequenas autoridades" ou os "aspones" de plantão -que são terríveis-, passando pelo poder religioso, liderado pela Igreja Católica, pelos detentores do poder econômico, e pelo poder político pseudo- constituído. Empecílhos? A lista daria outra Enciclopédia. Por isso vamos em frente enquanto outro não surge.

Você ainda tem fé, esperança, quando tenta avistar um futuro em Mairiporã envolvendo as artes?
Por incrível que pareça eu tenho fé e esperança, mas não essa fé cega e babaca, nem essa esperança de boca aberta, esperando que as coisas caiam do céu. Verde esperança não! Tenho procurado fazer o que posso e o que não posso, para que a questão cultural seja tema não no futuro, mas no presente de Mairiporã.
Vislumbrar, trabalhar, mentalizar, realizar a tarefa de fazer com que Mairiporã aposte e invista na cultura, aliada a educação, saúde, turismo e esporte como atividade econômica, geradora de emprego, renda e identidade para o município. Pode ser utopia, mas precisamos resgatar as utopias, se quisermos sair da lenda para entrar para a história.

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